segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Felício dos Santos (Machado de Assis - 1839 - 1908)

Felício amigo, se eu disser que os anos
Passam correndo ou passam vagarosos,
Segundo são alegres ou penosos,
Tecidos de afeições ou desenganos,

"Filosfia é essa de rançosos!"
Dirás. Mas não há outra entre os humanos
Não se contam sorrisos pelos danos,
Nem de tristezas desabrocham gozos.

Banal, confesso. O precioso e o raro
É, seja o céu nublado ou seja claro,
Tragam os tempos amargura ou gosto,

Não desdizer do mesmo velho amigo.
Ser com os teus o que eles são contigo,
Ter um só coração, ter um só rosto.

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