domingo, 22 de maio de 2011

Despedida (Ferreira Gullar - 1930)

Eu deixarei o mundo com fúria.
Não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.

De fato,
nesse momento
estarão de mim se arrebentando
                       raízes tão fundas
quanto estes céus brasileiros.
Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos tardes e verões vividos
estarão gritando a meus ouvidos
            para que eu fique
            para que eu fique

Não chorarei.
Não há soluço maior que despedir-se da vida.

2 comentários:

  1. !!! E não há mesmo.

    Mais vale não haver despedida:)

    ResponderExcluir
  2. Por amor de Deus, que eu não ouça ninguém pedindo 'para que eu fique'. Eu não suportaria.
    Gosto demais deste poema.

    ResponderExcluir